29.1.08

"É um modificador de vidas ele"

Mas as pessoas parecem gostar de voltar à mesmice.

E mesmo quem disse também parece que gosta.

21.1.08

Popokelvis Bubbaloo

Popokelvis deve ser a cadela mais magra do mundo, não anda nem come há uma semana. Podíamos ter feito qualquer coisa, desde que fosse antes. Sua morte tá agendada pra essa semana, de injeção.

Popokelvis e eu bêbados tentando
ler As intermitências da morte

O Barsa tem uma outra cadela agora, a Nêga. A Popokelvis nunca foi de ninguém, ela só escolheu a gente, gostava da gente, morava na rua mas às vezes dormia com a gente ou na frente da república. Agora eu ajudo a Nêga, de remorso, não quero que nenhuma cadela morra enquanto a gente puder fazer algo.

3.1.08

3 de abril de 2007

Acabei de sair de um namoro e ela saiu faz uns dois meses, cidades diferentes, eu ligava todo dia, todo dia mesmo, eu amo a TIM e amava o fato de ela também usar TIM, Oi, eu disse e ela, Cé?, como se alguém mais usasse meu celular ou ela não conhecesse a minha voz, ninguém sabe, mas eu achava muito legal ser chamado pela primeira sílaba do meu nome, parece que tem uma intimidade tão grande, talvez fosse por isso que eu só a chamava pelo nome, todas as três sílabas, nada de apelidos, ainda não sentia toda essa intimidade que o modo como ela me chamava passava. Como pergunta óbvia, resposta óbvia, Eu, acho que perguntou foi pra tomar coragem, devia ter pensado muito a respeito e tinha tomado essa decisão besta, respirou fundo e Não quero te ver essa semana, eu ia todo fim de semana, o casal se grudava e só desgrudava perto da hora do último ônibus, como de costume o apático Tá me salvou mais uma vez da falta de resposta, enquanto procurava tempo pra entender, Acabou?, mas agora?, agora que começa a ficar legal?, se é o que ela quer, acho que tudo bem talvez, seria o que eu iria pensar não fosse Daí quando vier na semana que vem eu quero, mas essa não, que me deixou mais confuso, essa menina parecia que vivia pra me deixar confuso, precisava de mim mas se importava e atendia quando o ex ligava, falava preocupada sobre a minha ex achando que eu fosse voltar, ligava chorando às vezes, até agora não entendi. No telefone outra vez a contração do verbo estar me salvou, tava tudo bem, ela não tava me largando, ela só queria não me ver e eu queria um motivo, era preciso um, não?, Tem motivo?, Não, Tá, Tchau, Tchau, esse último com a maior cara de interrogação do mundo, Como assim?, a gente sempre demorava um bom tempo no telefone, como assim, não quero te ver esse fim de semana, tchau?, como assim?

Não me lembro direito, acho que liguei de novo e tentamos conversar melhor, ela tinha é medo, dizia que queria todo dia, os sete dias, e não só os dois e meio que eu podia oferecer, Não tem mais beijo nenhum, hoje é o último, no outro dia disse que não agüentou e beijou, mas aí na semana seguinte conseguiu e na outra também, continuamos a nos ver mais alguns fins de semana, mas só nos ver, ela saía com o grupo de amigos do ex, parei de ir atrás, eu me mordia. De vez em quando ela dava um toque no celular ou puxava papo na internet, oi ceh, Oi., td bem?, Sim, e aí?, e isso era tudo, é legal esse lance de puxar papo na internet, a gente não gasta nem saliva, não tem nem que ouvir a voz da outra pessoa e na falta de uma desculpa pra encerrar o assunto é só bloquear e dizer que caiu a conexão ou a energia, que desligaram o computador ou simplesmente ignorar, que é o que ela geralmente fazia. Depois vi que voltou pro ex, eu já tinha partido pra outras e hoje, seis meses depois dessa ligação, ela veio puxar papo de novo, disse feliz ano novo que não respondi, nunca respondo, e pediu ajuda porque todo curso que ela pensava em tentar no vestibular o pai dela dizia que não iria sustentá-la quando virasse profissão. Quais cursos cê pensou em fazer?, foi a antepenúltima coisa que escrevi a ela, depois de uns dez minutos ainda insisti e foi a antepenúltima, Desistiu?, passaram mais dez e ela de novo me deixando sem entender não respondeu a nenhuma das perguntas, só escreveu boa noite, como quem diz bom dia ao porteiro, saindo apressado de manhã. E cada vez que ela fez isso eu me senti bem por tudo ter terminado muito antes do que eu esperava, pelo fato de ela ter voltado pro ex que desejou nunca ter conhecido e por eu simplesmente não me importar mais com nada, decidi que não era digno de um Tá essa boa noite escrita em minúsculas, na falta de algo melhor, só achei o OK.
Coisa estranha, as férias me dão mais tédio do que os dias em que ficava na província sem fazer nada de nada de nada.

Bom é rever os amigos antigos, mesmo que sejam um ou dois só, e ver que ainda é possível conhecer pessoas nessa cidadezinha que de pacata não tem nada.

Melhor ainda é ver a cartinha de RPG que cada um é e essa montoeira de experimentações rolando. E ver caranguejo em cachoeira e esse tipo de coisa surreal, esse monte de ponto brilhando e se mexendo no chão de estrelas.

Esse punhado de gente que tá todo na mesma e eu também. E aquele outro punhado, punhado?, só quando punhado é a maioria das pessoas que vivem, esse outro punhado, esse outro punhado que é enorme tá em outra, cada um na sua. Esse outro punhado deixa quieto, a gente só suporta.

- Um caranguejo, cara!
- Um caranguejo, hahaha!
- Meu! Um caranguejo! Cacacacacá!