27.11.10

CARA DE BRONZE (Siba e Roberto Corrêa)

Na varanda da fazenda
Está sentado um violeiro
Que ponteia imaginando
Os sonhos de um fazendeiro
Enquanto escuta as histórias
Da volta de um mensageiro

Num recanto dessa casa
Dorme uma sombra cansada
E a saudade se espreguiça
Por trás da porta escorada
Enquanto um velho desperta
Pra ser menino e mais nada

Hei, hei, hei, hei, hei, boi!
Hei, hei, hei, hei, boi!

Ruminando pensamentos
Numa moça e seus vestidos
Vaqueiros terminam o dia
Olhando os céus estendidos
Que escurecem desfazendo
Uns algodões coloridos

E o poeta passa a noite
Procurando a rima exata
Esfumaça um café quente
Numa caneca de lata
E a noite paga as cantigas
Com uma moeda de prata

Hei, hei, hei, hei, hei, boi!
Hei, hei, hei, hei, boi!

BIG BROTHER MENTAL (Siba)

Desde que aprendi a ler que me tornei curioso
Inquieto e buliçoso, tudo eu queria saber
Procurei tanto aprender que findei desaprendendo
Por mais que eu viva querendo não acho a sabedoria
E o pouco que eu sabia agora estou me esquecendo

Aprendi a letra A pensando na letra Z
E no final do ABC misturei o bê-a-bá
Fiquei pra lá e pra cá e a confusão me devora
Me atrapalho a toda hora, pergunto a todo momento
Será que meu pensamento vem de mim mesmo ou de fora?

No museu abandonado minha memória se esconde
Guardando não sei aonde tudo que eu fiz no passado
E o meu cérebro lotado de TV e de internet
Está clicando delete para apagar os arquivos
Que guardam os quadros mais vivos do meu tempo de pivete

A lembrança está miúda e a razão se atrapalha
Meu cérebro se embaralha, não encontrei quem me acuda
Podendo eu pedir ajuda pra algum médico do Sudeste
Que façam pesquisa ou teste em macaco ou mamulengo
Instale um chip em meu quengo pra ver se eu penso o que preste

Pra eu pensar mais aprumado quero um computador
Com um bom processador na minha testa instalado
E um modem parafusado na coluna vertebral
No espaço virtual vou botar tudo que eu penso
Quem sabe um dia ainda venço um big brother mental
"A vida conduz o homem responsável por caminhos tortuosos e mutáveis. Muitas vezes o curso é bloqueado, em outras segue desimpedido. Ora pensamentos sublimes vertem-se livremente em palavras. Ora o pesado fardo da sabedoria deve fechar-se no silêncio. Mas quando duas pessoas estão unidas no íntimo de seus corações podem romper até mesmo a resistência do ferro e do bronze. E quando duas pessoas se compreendem plenamente no íntimo de seus corações suas palavras tornam-se doces e fortes como a fragrância das orquídeas".
(Confúcio)
"É uma alegria aprender e praticar regularmente."

(Confúcio)
"O objetivo do saber é pôr em prática aquilo que aprendemos."

(Provérbio chinês)
"O exercício é parte de um todo. A prática do exercício com dedicação é a base para um desempenho belo e expressivo."

(anônimo)

26.11.10

"O aluno inteligente conhece o Tao e pratica-o com assiduidade. O aluno médio conhece o Tao e pensa nele ocasionalmente. O aluno imaturo conhece o Tao e ri alto. Se não houvesse o riso, o Tao não seria o que ele é... O Tao sozinho alimenta e provoca a plenitude."

(Lao Tse)

"O Tao é como a correnteza de um rio."

(Lao Tse)
"O segredo de todas as leis humanas e naturais é o movimento que encontra devoção... Porque o entusiasmo mostra devoção ao movimento, o Céu e a Terra estão a seu lado e se movem com ele."

(I-Ching, O livro das mutações)

"O Tao é grandioso, dinâmico, completo e cíclico no seu movimento. (...)
É imutável/duradouro como a unidade, eterno/perpétuo e sempre cíclico."

(Lao Tse)
"Conhecer a harmonia é conhecer o Sempre-assim.
Conhecer o Sempre-assim é estar acordado."
"Estique um arco ao máximo,
E você desejará ter parado a tempo;
Afie a ponta de uma espada até o seu limite,
E descobrirá que ela logo fica cega."

(Tao Teh Ching, O livro do Tao e do poder)
"A música é a ciência do bem medir."

(Santo Agostinho, 354-430, De Musica)

"A música se estende por toda matéria, por assim dizer, e atravessa todo tempo: ordena a alma com as belezas da harmonia e conforma o corpo com os ritmos convenientes; e é adequada para as crianças pelos bens que se derivam da melodia, para os que avançam em idade por transmitir as belezas da dicção métrica e, em uma palavra, do discurso inteiro, e para os mais velhos porque explica a natureza dos números e a complexidade das proporções, porque revela as harmonias que mediante estas proporções existem em todos os corpos e, o que na verdade é mais importante e mais definitivo, porque tem a capacidade de fornecer as razões do que é mais difícil de compreender a todos os homens, a alma, tanto da alma individual como da alma do universo."

(Aristides Quintiliano, séc. II-III d.C., De Musica)

25.11.10

"Já se percebeu que a música
faz livre o espírito?
que dá asas ao pensamento?
que alguém se torna mais filósofo,
quanto mais se torna músico?"

(Friedrich Nietzsche, 'O caso Wagner')

"Há certos pensamentos mais fortes que nós"
(Filolau, in Eudemo, 'Ética')

"Desde que tenhamos a coisa diante dos olhos e que
nosso coração esteja à escuta, inclinado ao verbo,
o pensamento se consagra."

(Martin Heidegger, 'A experiência do pensamento')

"O que existe de mais antigo entre as coisas antigas
nos segue em nosso pensamento e, portanto,
vem ao nosso encontro."

(Martin Heidegger, 'A experiência do pensamento')
"O que enunciamos em palavras nunca é,
em língua alguma, aquilo que dizemos."

(Martin Heidegger, 'A experiência do pensamento')

"O compositor deve renunciar ao seu desejo de controlar o som, retirar seu espírito da música e promover os meios de descoberta que permitam aos sons serem eles mesmos, bem mais do que veículos de teorias feitas pelo homem ou expressões de sentimentos humanos."

(J. Bruits Attali, 'Essai sur l'economie politique de la musique', 1977)
"O que é a música? É a Arte mestre das artes: ela contém todos os princípios que fundam a prática; ela assenta o primeiro grau de certeza; ela se desdobra harmoniosamente, de uma maneira admirável, na natureza de todas as coisas; ela é um encantamento para o espírito e uma doçura para os ouvidos; ela alegra os tristes e satisfaz os ávidos; ela confunde os invejosos e reconforta os aflitos; ela faz cochilar os acordados e acordar os adormecidos; ela nutre o amor e exalta a riqueza; ela tem por objetivo final instituir a louvação de Deus."

(Jean de Murs, 1295-1348/49, Compedium Musicae Practicae)

"Desde a antiga China conta-se uma história que narra a fuga do cavalo de um camponês. Ao ser consolado pelos vizinhos pelo infortúnio, ele simplesmente responde, 'Talvez'. No dia seguinte, o cavalo volta com mais seis cavalos selvagens. Mais uma vez, os vizinhos batem à sua porta, dessa vez para manifestar a surpresa e a alegria pela sua sorte. De novo, ele responde, 'Talvez'. Mais um dia se passa e seu filho quebra a perna ao tentar montar um dos cavalos selvagens. Os vizinhos voltam para prestar sua solidariedade. No entanto, como das vezes anteriores, ele simplesmente responde, 'Talvez'. No dia seguinte, oficiais militares vão à fazenda para convocar o jovem para o serviço militar. O jovem é liberado por causa da perna quebrada. Exultantes, os vizinhos se reúnem para parabenizá-lo pelo desfecho positivo da história, e, mais uma vez, o camponês diz, 'Talvez'.


O camponês, um clássico taoísta, sentia a vida como parte de um processo de crescimento muito maior, que tinha sua própria forma circular e permitia a interação das forças opostas. O ritmo do tempo era o veículo desse desenrolar; portanto, o indivíduo sabia que não existia algo como uma atividade final e, por isso, só lhe restava suspender julgamentos e deixar o Tao fluir espontaneamente.


Diferente das abordagens ocidentais, a perspectiva taoísta chinesa enxerga a influência circular em tudo, a Unidade fluindo através de tudo. É algo totalmente diferente da noção newtoniana, onde o universo foi gerado graças a um ato original da criação e tem a permissão de continuar por suas próprias engrenagens, independente do Criador. Conseqüentemente, isso faz da realidade uma seqüência de acontecimentos mecânicos, trabalhando em uma estrutura infinitamente complexa de seqüências causais separada, aginda e interagindo através da história. Nós, do Ocidente, ainda somos impulsionados por essa visão mecanicista antiquada, sofremos de uma visão crônica limitada que nos condiciona a procurar causa e efeito em todos os aspectos da nossa vida e do trabalho. Isso contribui para uma expressão artística irreal e para noções separatistas do nosso lugar de realidade. Portanto, não conseguimos enxergar os padrões de interação como inerentes ao modelo único das conexões taoístas.


O que chamamos de taoísmo reflete esse modelo único, pelo fato de ter tantas formas infinitas, tantas facetas, uma atividade tão singular e dinâmica, uma base filosófica tão profunda, um passado alquimista e mágico tão fantástico e bizarro, que virtualmente ninguém tem autoridade para defini-lo. Ele incorpora a sabedoria e as descobertas de milênios, desde as práticas curandeiras e místicas do legendário Imperador Amarelo do terceiro milênio a.C. à filosofia documentada há quase dois mil e quinhentos anos nas obras dos mestres Lao Tse e Chuang Tse, até às descobertas dos iogues absorvidos nas artes do rejuvenescimento, no prolongamento da vida e no alcance de um dos vários tipos de imortalidade. Para os místicos, a procura pela união com o Tao Sublime significava o cultivo de práticas originadas nos estudos de ioga e da filosofia, assim como na preparação do corpo e da mente para a coerência e a co-criatividade com a Natureza e com a Unidade. Vários taoístas envolvem-se com esse modelo integral de ensinamentos e práticas."


(Dra. Jean Houston, Prefácio de 'O TAO DA VOZ', de Stephen Chun-Tao Cheng)

23.11.10

Amanheceu,
fiz a minha barba,
botei minha farda
e fui viajar


Eu e um PM pegando carona pro norte do PR, =D

8.11.10

Madruguei

revendo o passado,

gosto de ver a processual evolução,
gosto sim.

1.4.10

O OLHO DE SHIVA

Ontem tive meio um sonho
Era tão bonito e triste
Não significava nada
Só era tudo que existe

Sei lá, eu sentia uma energia
Corria dentro de mim, eu sentia assim
Que quem me dava era a Lua que nascia

Era uma bola amarela, saía de dentro do mar
Colei meus dedos em meus dedos como quem vai rezar
Senti um peso imenso, pesava no meu umbigo
Pesou, pesou e começou a espalhar

Era uma loucura
Eu me contorcia
Eu não cabia em mim

Olhei pra minha Eva
E agora eu me entendia
Eu era o bicho que anda assim
De pé

Dez mil anos de história
Todos, todos de guerra
A gente vive escravizando os irmãos

A espanha na américa
A coréia e o japão
Mesmo maias ou astecas
E o brasil com o sertão

A china e o tibet
O Homem e a Mulher
Diamante, prata, bronze, ouro
O homem branco e o crioulo

O meu lixo é pro mar, eu gosto é de fumar
Eu sou escravo agora do meu querer
A minha casa é quadrada e toda, toda murada
Eu me tranco pra assistir TV

É uma loucura
A vida em que eu vivo
Meu trabalho nunca chega ao fim
Às seis

Vou ao supermercado
A carne, a fila do açougue
Eu compro, eu mato, eu voto, tudo é dim-dim

Eu quero ver quem é que vai matar um bicho
Um bicho vai matar um bicho
Eu quero ver é com a mão

Eu entendi o mito
Sou o vaso de Deus
Eu me chamo Adão

Rompi com todos ritos
Não tenho religião
Fui condenado eternamente à Razão

Eu me vi no rio
Olhei para o meu lado e falei assim:
Amiga, quem sou eu?
Quem é você? Pra onde vai?
O que vai ser de mim?