27.11.10
CARA DE BRONZE (Siba e Roberto Corrêa)
BIG BROTHER MENTAL (Siba)
26.11.10
25.11.10
"Desde a antiga China conta-se uma história que narra a fuga do cavalo de um camponês. Ao ser consolado pelos vizinhos pelo infortúnio, ele simplesmente responde, 'Talvez'. No dia seguinte, o cavalo volta com mais seis cavalos selvagens. Mais uma vez, os vizinhos batem à sua porta, dessa vez para manifestar a surpresa e a alegria pela sua sorte. De novo, ele responde, 'Talvez'. Mais um dia se passa e seu filho quebra a perna ao tentar montar um dos cavalos selvagens. Os vizinhos voltam para prestar sua solidariedade. No entanto, como das vezes anteriores, ele simplesmente responde, 'Talvez'. No dia seguinte, oficiais militares vão à fazenda para convocar o jovem para o serviço militar. O jovem é liberado por causa da perna quebrada. Exultantes, os vizinhos se reúnem para parabenizá-lo pelo desfecho positivo da história, e, mais uma vez, o camponês diz, 'Talvez'.
O camponês, um clássico taoísta, sentia a vida como parte de um processo de crescimento muito maior, que tinha sua própria forma circular e permitia a interação das forças opostas. O ritmo do tempo era o veículo desse desenrolar; portanto, o indivíduo sabia que não existia algo como uma atividade final e, por isso, só lhe restava suspender julgamentos e deixar o Tao fluir espontaneamente.
Diferente das abordagens ocidentais, a perspectiva taoísta chinesa enxerga a influência circular em tudo, a Unidade fluindo através de tudo. É algo totalmente diferente da noção newtoniana, onde o universo foi gerado graças a um ato original da criação e tem a permissão de continuar por suas próprias engrenagens, independente do Criador. Conseqüentemente, isso faz da realidade uma seqüência de acontecimentos mecânicos, trabalhando em uma estrutura infinitamente complexa de seqüências causais separada, aginda e interagindo através da história. Nós, do Ocidente, ainda somos impulsionados por essa visão mecanicista antiquada, sofremos de uma visão crônica limitada que nos condiciona a procurar causa e efeito em todos os aspectos da nossa vida e do trabalho. Isso contribui para uma expressão artística irreal e para noções separatistas do nosso lugar de realidade. Portanto, não conseguimos enxergar os padrões de interação como inerentes ao modelo único das conexões taoístas.
O que chamamos de taoísmo reflete esse modelo único, pelo fato de ter tantas formas infinitas, tantas facetas, uma atividade tão singular e dinâmica, uma base filosófica tão profunda, um passado alquimista e mágico tão fantástico e bizarro, que virtualmente ninguém tem autoridade para defini-lo. Ele incorpora a sabedoria e as descobertas de milênios, desde as práticas curandeiras e místicas do legendário Imperador Amarelo do terceiro milênio a.C. à filosofia documentada há quase dois mil e quinhentos anos nas obras dos mestres Lao Tse e Chuang Tse, até às descobertas dos iogues absorvidos nas artes do rejuvenescimento, no prolongamento da vida e no alcance de um dos vários tipos de imortalidade. Para os místicos, a procura pela união com o Tao Sublime significava o cultivo de práticas originadas nos estudos de ioga e da filosofia, assim como na preparação do corpo e da mente para a coerência e a co-criatividade com a Natureza e com a Unidade. Vários taoístas envolvem-se com esse modelo integral de ensinamentos e práticas."
(Dra. Jean Houston, Prefácio de 'O TAO DA VOZ', de Stephen Chun-Tao Cheng)
23.11.10
8.11.10
1.4.10
O OLHO DE SHIVA
Era tão bonito e triste
Não significava nada
Só era tudo que existe
Sei lá, eu sentia uma energia
Corria dentro de mim, eu sentia assim
Que quem me dava era a Lua que nascia
Era uma bola amarela, saía de dentro do mar
Colei meus dedos em meus dedos como quem vai rezar
Senti um peso imenso, pesava no meu umbigo
Pesou, pesou e começou a espalhar
Era uma loucura
Eu me contorcia
Eu não cabia em mim
Olhei pra minha Eva
E agora eu me entendia
Eu era o bicho que anda assim
De pé
Dez mil anos de história
Todos, todos de guerra
A gente vive escravizando os irmãos
A espanha na américa
A coréia e o japão
Mesmo maias ou astecas
E o brasil com o sertão
A china e o tibet
O Homem e a Mulher
Diamante, prata, bronze, ouro
O homem branco e o crioulo
O meu lixo é pro mar, eu gosto é de fumar
Eu sou escravo agora do meu querer
A minha casa é quadrada e toda, toda murada
Eu me tranco pra assistir TV
É uma loucura
A vida em que eu vivo
Meu trabalho nunca chega ao fim
Às seis
Vou ao supermercado
A carne, a fila do açougue
Eu compro, eu mato, eu voto, tudo é dim-dim
Eu quero ver quem é que vai matar um bicho
Um bicho vai matar um bicho
Eu quero ver é com a mão
Eu entendi o mito
Sou o vaso de Deus
Eu me chamo Adão
Rompi com todos ritos
Não tenho religião
Fui condenado eternamente à Razão
Eu me vi no rio
Olhei para o meu lado e falei assim:
Amiga, quem sou eu?
Quem é você? Pra onde vai?
O que vai ser de mim?